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Capítulo 39 | Capítulo 41


Capítulo 40 - Uma nova chama

 

   A sensação de que algo estava errado se intensificava a cada segundo, mesmo com os olhos fechados, tentando relaxar e descansar… e então o grito esganiçado, vindo de uma voz que ele conhecia bem àquele ponto, fez todo o fogo que existia dentro dele congelar e empurrou qualquer outro pensamento de sua mente.

   Tudo aconteceu rápido. Suas garras doeram ao arranhar as pedras, mas ele continuou tentando escalar o paredão gigante. Ele já tinha conseguido fazer aquilo uma vez, podia fazer isso agora! Especialmente agora!

   Ele ainda podia sentir aquela sensação piorando a cada segundo e sua audição potente podia ouvir caos… ele correu, o mais rápido que suas quatro pernas conseguiam, abrindo as asas embora não pudesse voar, tentando se apressar. Ele tinha que se apressar! Se alguma coisa acontecesse com Soluço...

   Aos poucos as árvores foram deixadas para trás, ele seguiu na direção da origem da cacofonia. Mas no meio de todo aquele barulho, tudo em que seus ouvidos se focavam era só uma voz.

   Ele pulou para o alto, erguendo as asas e as batendo com força para baixo, afastando a resistência do vento e o ajudando a se lançar na direção das barras de metal. Com um só tiro, o caminho foi aberto, e ele entrou. Ele não ligava para o tamanho do outro, e se importava ainda menos com suas garras, dentes ou com a habilidade de ficar em chamas. Tudo com que ele se importava era o pequeno humano em baixo das garras de Flamejante.

   “Sombra da Noite!” Flamejante rosnou. “É um humano!

   “Não! É o meu humano!” Ele rugiu em resposta, sem pestanejar.

 

   O mundo, aos poucos, começou a tomar forma, uma forma escura e cinzenta. Demorou um pouco para Soluço entender que estava encarando o teto rochoso da caverna que dividia com Banguela.

   Banguela…

   Soluço sentiu um calor confortável tomar conta de seu interior, seu coração batendo mais forte ao pensar no dragão, seu amigo, seu Companheiro de Vida. Ele já entendia que tipo de sonho era aquele: era uma memória da vida do dragão; e ele se lembrava daquele momento através de seus próprios olhos, de como Banguela surgiu de repente, atirando uma bola de plasma nas barras da arena, se colocando entre Soluço e Flamejante, e depois entre ele e os outros vikings, até mesmo Stoico…

   Ele ouviu um choramingo, acompanhado por um ar quente contra seu lado, e se virou, sentindo seu coração dar um pulo em seu peito. Soluço estava deitado em sua cama de pedra e, por um momento, ele imaginou Banguela o carregando até ali, talvez recebendo ajuda de Lambe-Olho e Morde-Cauda no processo, para o colocar na cama. E depois que Soluço tinha sido deitado, Banguela tinha decidido ficar ali, perto dele, deitando a cabeçorra ao seu lado e adormecendo naquela posição.

   Soluço tomou um segundo para admirar o dragão. Pouca luz vinha da entrada da caverna, mas ainda assim ela caia sobre as escamas de Banguela, o azul do céu e do mar lá fora quase refletido em sua superfície escura, permitindo ver melhor as marcas mais claras que enfeitavam o corpo do dragão. E para Soluço, ele nunca tinha visto um dragão mais bonito.

   Banguela choramingou de novo, seu rosto ficando tenso, e Soluço notou que devia estar sonhando, ou melhor, tendo um pesadelo. Ele se lembrou do som que Banguela tinha soltado antes dele desmaiar, imaginou o medo e a preocupação que o dragão sentiu durante aquele momento, sem saber se ele ficaria bem ou não. Ele não sabia quanto tempo tinha se passado, mas sabia que o dragão ficaria nervoso mesmo se ele passasse alguns segundos desacordado.

   Soluço pousou a mão na cabeça de Banguela, feliz ao vê-lo relaxar. Ele arfou, de repente sem ar, sentindo como se sua mão estivesse em chamas, mas não de um modo dolorido, era algo… diferente. Ao invés de afastar a mão, Soluço se encontrou apertando mais os dedos contra as escamas escuras de Banguela, procurando ainda mais daquela sensação.

   Aos poucos, Banguela abriu os olhos, encarando Soluço de modo grogue, até que as pupilas negras se dilatando o máximo que conseguiam.

   “Soluço!” E quando o humano notou, o dragão estava em cima dele. 

   — Oi, Banguela- Ah! — Ele riu quando Banguela bufou contra seu rosto, o ar quente fazendo um contraste estranho, mas confortável, contra sua pele. Soluço fechou os olhos e deixou que Banguela lambesse seu rosto, cobrindo suas bochechas de saliva de dragão; a esse ponto ele mal se incomodava com aquilo, embora fosse chato de lavar. — Está tudo bem, Banguela, eu estou bem...

   A cada palavra ele se sentia mais sem ar. O calor que tinha sentido ao tocar as escamas do dragão parecia se intensificar cada vez que Banguela apertava o focinho contra ele, cada vez que aquela língua grande rolava por sua pele...

   — Banguela…

   “Loucura.” Banguela bufou e Soluço tremeu. Era sensação sua, ou havia uma camada de suor cobrindo sua pele…? “Loucura comer aquilo sem saber se podia te matar ou não!

   — Ei! Ah, tá, e a culpa é totalmente minha, é? — retrucou Soluço em tom de piada, embora sua voz saísse estranha devido à falta de ar. — Você concordou com aquilo também…!

   “Eu nem tinha imaginado que podia te fazer mal!” Banguela reclamou tanto através de sua energia quanto com um rosnado baixo.

   — É, a gente meio que agiu sem pensar direito, não é…? — admitiu Soluço, recebendo um olhar que era um misto de preocupação e irritação, algo que ele já estava acostumado a ver. — Não olha pra mim assim. — Ele afagou o focinho do dragão gentilmente, sorrindo ao ver esse fechar os olhos; era como tinham feito naquele dia, há tanto tempo atrás. — Olha, eu estou bem, sério.

   Quando Banguela abriu os olhos novamente, Soluço se viu encarando aquelas profundas pupilas negras mais uma vez, focadas apenas nelas como se nada mais no mundo existisse. Ele sorriu, deslizando os braços pelo pescoço de Banguela, coçando a base de sua cabeça com as unhas curtas. O dragão ronronou profundamente, se inclinando contra o toque.

   Banguela se moveu para a frente e Soluço instintivamente inclinou a cabeça para o lado, dando espaço para apertasse o focinho contra seu pescoço. Soluço foi incapaz de segurar um suspiro, sentindo o calor dentro dele se intensificar quando o dragão inspirou fundo.

   “Você cheira diferente…” Banguela arrulhou baixinho, o som se tornando um ronronado ainda mais alto.

   O rosto já quente de Soluço ficou ainda mais quente e, sim, definitivamente ele estava suando.

   — Ah, bem… Sabe como é, faz alguns dias desde o último banho... — murmurou sem jeito, sendo interrompido por um gemido baixinho ao sentir a língua de Banguela sobre seu pulso quente e rápido.

   “Não, não nesse sentido.” Banguela ergueu o focinho para o cabelo do rapaz, cheirando com lufadas poderosas, fazendo as mechas marrom avermelhadas dançarem.

   — Ah… é…? — Soluço parou por um momento, prestando atenção a si mesmo. Ele não podia sentir mudança alguma em seu cheiro, o que mais conseguia sentir era o cheiro do mar que tomando conta do ar da caverna, além do que ele já conhecia como o familiar cheiro de Banguela, um misto de fuligem, gás e algo diferente, que ele não saberia descrever, mas que era unicamente Banguela para ele. E, apenas processar o aroma de seu companheiro, fez seu corpo esquentar ainda mais. — Bom… eu… me sinto diferente...

   “Cheira bem…” Banguela arrulhou, um som grave, que fez seu peito tremer. Ele deslizou o focinho de volta para o pescoço do humano, a ponta levemente bifurcada de sua língua tocando aquela área, provando-a. Soluço não sabia se o que mais cobria sua pele a esse ponto era saliva de dragão ou suor, talvez os dois.

   — Banguela… — Soluço não pôde deixar de rir um pouco, se inclinando contra o toque. — N-nossa, eu acabei de acordar e você já está todo assanhado assim, hein? Seu lagartão pervertido…

   “Como se você estivesse muito diferente.” E, com um bufado, Banguela ergueu uma das patas dianteiras, a deitando delicadamente sobre a virilha do rapaz, arrancando um gemido desse.

   — A-ah, c-cuidado, Banguela! — Soluço arfou, o calor dentro dele explodindo com ainda mais força. Ele sentiu como se suas roupas estivessem o sufocando, as camadas de pano intensificando a sensação. — Você acha que é… coisa do cogumelo ou parecido…?

   “Talvez…” Banguela inclinou a cabeça para o lado, examinando o humano com os olhos, procurando alguma coisa de diferente. “Como você se sente?

   — Quente… — Soluço respirou fundo, agarrando a gola da túnica e a puxando, deixando entrar ar. Os olhos de Banguela acompanharam o movimento, suas pupilas dilatando ainda mais, se é que aquilo era possível. A atenção só fez seu corpo esquentar mais e ele sentiu a maior parte de seu sangue deslizar para entre suas pernas. — É… e… Diferente… — Ele assentiu e Banguela soltou um som baixo, se aproximando, mas o humano o afastou. — Espera, espera, Banguela, deixa eu…

   Banguela deu alguns passos para trás, dando espaço. O rapaz rapidamente afastou os cobertores e se levantou, se apressando a arrancar as roupas que vestia, sentindo mais alívio a cada peça removida, embora o calor continuasse ali. Ele sentia os olhos de Banguela presos nele, o olhar do dragão fazendo sua pele se atiçar ainda mais. Era quase difícil respirar, mas Soluço não podia reclamar, era até gostoso.

   Ignorando o fato de que seu membro estava totalmente de pé, Soluço jogou as últimas peças de roupa de lado, e pegou os cobertores. Ele sabia o que seu corpo e sua mente queriam, e não precisaria entender de dragões ou sequer ter uma conexão com Banguela para ter uma ideia do que o outro queria.

   Soluço se sentou depois de deitar os cobertores sobre a "cama" do Fúria da Noite, se lembrando de quando fez o mesmo luas atrás, durante aquela primeira vez. Ele quase nem notou quando Banguela se aproximou, até que sentiu a respiração quente do dragão cair sobre seu rosto. Soluço piscou, erguendo o olhar para seu companheiro, antes de o abaixar um pouco, olhando por baixo de Banguela; seu rosto já estava quente o bastante quando ele viu que o membro do dragão estava a mostra, tão duro quanto o seu.

   “Você acha que vai funcionar?” Banguela arrulhou, estudando o humano.

   — Talvez… — Soluço murmurou, sem ter muita certeza, mas sentindo que o calor que tomava conta de seu corpo devia indicar que, pelo menos, alguma coisa seria diferente. — Você quer tentar?

   “Que pergunta.” O dragão bufou e Soluço riu.

   Banguela se aproximou e Soluço fechou os olhos, apertando um beijinho contra o focinho do dragão, e depois mais um contra os lábios escamosos desse. Banguela soltou um som apreciativo e Soluço abriu a boca, dando espaço para a ponta bifurcada da língua do dragão deslizar para dentro dela.

   Com um gemido baixo, Soluço se deixou ser apertado contra a cama de pedra que dividia com seu companheiro, enquanto Banguela se arrastava até estar totalmente acima dele. A língua grande e poderosa deslizou pela boca de Soluço, cutucando cada canto dela como se estivesse a mapeando, não que Banguela precisasse de um mapa a essa hora, ele já conhecia cada detalhe do humano, dentro e fora, mas ambos adoravam a exploração. Soluço engasgou levemente, mas não podia reclamar.

   Ele deslizou as mãos pelas pernas dianteiras de Banguela que emolduravam seus ombros, seguindo a forma das escamas escuras e sentindo os músculos fortes embaixo da pele áspera. Ao mesmo tempo que a língua do dragão apertava contra o interior de sua garganta, a energia de Banguela apertava contra a de Soluço, o envolvendo com sua energia mais forte, mas com a mesma gentileza que fazia com suas asas; e tudo o que existia no mundo era Soluço e Banguela.

   Mas não importava o quão próximo estivessem, ou o modo como suas energias se entrelaçassem, não parecia ser o bastante. O calor queimava dentro de Soluço, como se estivesse chamando pelo fogo que existia dentro de Banguela.

   Sem o humano precisar dizer nada, o dragão deslizou a língua para fora, permitindo ao outro a chance de respirar mais uma vez.

   Soluço piscou e encontrando Banguela o observando. Ele sorriu para o dragão, ainda recuperando o fôlego. O Banguela se inclinou para frente, usando apenas a ponta da língua para lamber o rosto de Soluço, afastando as lágrimas que enfeitavam seus olhos.

   Com um gemido baixo, Soluço inclinou a cabeça, deixando que Banguela lambesse seu rosto e descesse para seu pescoço. Deslizando as mãos pelos ombros poderosos do dragão, os dedos finos do humano tocaram uma área diferente e ele abriu os olhos mais uma vez.

   — Banguela… — As barbatanas auriculares de Banguela se ergueram, olhos grandes se voltando para ele com curiosidade. — A escama… onde eu marquei você… ela não trocou ainda… — Soluço já tinha visto o quão rápido dragões trocavam de escamas, então não pôde ignorar como aquele pequeno ponto, bem na base do pescoço forte do dragão, continuava sem sua escama.

   “Pois é, né?

   Soluço piscou, erguendo os olhos para o dragão negro mais uma vez, encontrando aqueles grandes olhos verde-amarelos focados nele.

   A marca era difícil de ver, nada mais que um cortezinho miúdo e cinzento contra a pele áspera e escura de Banguela, mas ainda estava ali... Assim como as marcas dos dentes que enfeitavam a pele alva e sardenta de Soluço.

   Uma onda de emoção se uniu ao calor que envolvia seu corpo ao sentir a energia de Banguela acalentar a sua. Ele respondeu com sua própria energia, tocando a marca que ele tinha deixado em seu companheiro com delicadeza, enquanto a língua grande do Fúria da Noite rolava por cima das cicatrizes que seus dentes tinham causado luas atrás.

   Pensar que algum tempo atrás ele achasse aquela ideia uma loucura, ser marcado o companheiro de um dragão… Agora, tudo o que ele podia pensar era no quão perfeito aquilo tudo era. Eles pertenciam um ao outro, para sempre.

   Soluço deitou a cabeça sobre os panos mais uma vez, gemidos baixos escapando de seus lábios enquanto Banguela descia as lambidas por seu corpo. Era como se o Fúria da Noite estivesse se apressando, se demorando menos do que normalmente demoraria em cada parte do corpo do jovem viking. Soluço não reclamava, ele sentia a vibração da energia de Banguela, o dragão precisava dele tanto quanto ele precisava de Banguela.

   — A-ah, Banguela… — Soluço arfou, sentindo a língua grande rolar por cima de seus mamilos, a ponta bifurcada por um momento se enroscando num deles.

   Banguela ronronou baixo antes de seguir para baixo, apertando o focinho contra a pele agora molhada de Soluço e respirando fundo, esfregando o rosto contra esse. Soluço tremeu com a respiração do dragão, embora tudo o que sentisse fosse puro calor.

   Banguela parou por um momento e lambeu a barriga de seu companheiro, de seu baixo ventre até a base do peito. Ele soltou um trinar suave, apreciativo, afagando a área com o focinho.

   — Banguela... — Soluço murmurou, um pouco sem jeito, mas teve de respirar um pouco mais fundo ao sentir como se todo o calor que tinha tomado o seu corpo de repente se concentrasse bem naquela área que o dragão tocava.

   “Você cheira tão diferente…” Banguela repetiu com um arrulho, olhando para Soluço com olhos semicerrados, a sombra de luxúria pairando sobre suas pupilas grandes. Eles não ousaram quebrar o contato visual nem quando o dragão descia ainda mais, apertando o focinho logo embaixo do membro do rapaz. “Aqui…

   — A-ah… — Soluço arfou, sem jeito e sem ar. — Falando assim é… é meio estranho, amigão…

   “Mas é verdade.” Banguela soltou um arrulho que quase soava como um ronronar e lambeu, arrancando um gemido do humano.

   Soluço fechou os olhos, gemidos apreciativos lhe escapando a cada movimento da língua de Banguela sobre aquela área. Dessa vez, Banguela parecia estar tomando o seu tempo, deixando sua língua rolar sobre a pele sensível de Soluço de novo e de novo… Soluço tremeu, seus dedos do pé se encolhendo quando o calor que tinha tomado conta de sua barriga desceu para seu membro excitado, fazendo a pele pinicar.

   — Oh, poderoso Thor… — Soluço gemeu, atirando a cabeça para trás quando sentiu os lábios escamosos de Banguela envolverem seu membro, deslizando ele inteiro dentro da boca do dragão.

   Eles já tinham feito aquilo algumas vezes, experimentando e tentando coisas novas; Banguela curioso para tentar oferecer para Soluço o mesmo que o rapaz conseguia fazer com sua boca humana. Banguela não podia o chupar do modo como Soluço fazia, mas o que ele fazia, ele fazia bem.

   — A-ah, isso, amigão… — O rapaz não conseguiu se impedir de rolar os quadris, deslizando seu membro mais para dentro da boca do dragão; ele gemeu ao sentir sua pele sensível deslizar sobre as gengivas suaves de Banguela. Banguela ronronou baixo, apreciativo, apertando a língua contra a ponta do membro de seu companheiro, lambendo o pré gozo que pingava dali e intensificando as sensações do rapaz.

   A cada movimento daquela língua, Soluço sentia o calor dentro dele aumentar mais e mais, se tal coisa sequer era possível; se ele conseguisse pensar direito, ele teria se perguntado se era assim que dragões sentiam quando fogo se acendia em sua boca. Mas tudo o que ele podia se focar era em Banguela e Banguela apenas.

   Era incrível… Banguela era incrível! Mas Soluço queria mais, ele precisava de mais!

   Por algum motivo, de um modo que Soluço não poderia explicar, ele sentia como se cada um de seus sentidos estivesse se focando em uma coisa diferente ao mesmo tempo, tanto seu corpo quanto sua mente sendo tocadas por todos os lados de um modo único. Mas ainda assim, tudo o que lhe envolvia era apenas Banguela, seu companheiro, seu melhor amigo…

   Quando Banguela se afastou, Soluço não pôde segurar um choramingar baixo, rolando os quadris e tentando procurar a boca de seu companheiro mais uma vez. Banguela respondeu àquela ação com um som baixo que não queria dizer nada exatamente, mas que Soluço conseguia entender bem.

   Soluço sentia que precisava de Banguela, como se uma peça dele estivesse faltando e o único modo para se tornar completo, seria apenas com a ajuda do dragão. Banguela conseguia sentir a necessidade que vinha do rapaz, por que ele compartilhava de seus sentimentos.

   Sem perder mais tempo, Banguela apertou a língua contra o rapaz, deslizando a ponta bifurcada para dentro dele e Soluço gemeu alto.

   A energia de Banguela tocou a de Soluço delicadamente, cutucando-a sua mente de leve. Soluço assentiu, respirando em lufadas pesadas. Com a confirmação, Banguela começou a mover a língua, a deslizando para dentro e para fora de Soluço. O rapaz reagiu imediatamente, pernas tremendo enquanto ele arqueava as costas, erguendo o quadril como que para ajudar Banguela a empurrar a língua ainda mais fundo.

   — A-ah! — Soluço gemeu alto, sendo acompanhado por um grunhido longo e baixo de Banguela. Um arrepio subiu por seu corpo humano, o calor dentro dele dançando de um modo novo, mas, ao mesmo tempo, familiar, se alastrando por seu corpo e pulsando como as batidas de seu coração cada vez que o dragão deslizava a língua para dentro e para fora, explorando, esticando e lhe dando prazer.

   Os dois continuaram assim pelo que parecia ao mesmo tempo uma eternidade e apenas alguns segundos; Soluço se contorcendo a cada onda de prazer e Banguela procurando intensificar aquelas sensações mais e mais a cada movimento da língua.

   — B-Banguela… A-ah, isso, amigão… — Soluço tentou dizer alguma coisa, mas não conseguia encontrar as palavras entre os gemidos. O calor dentro dele estava se concentrando ainda mais em seu baixo ventre e ele sabia o que aquilo significava.

   Até que, de repente, cedo demais, o dragão parou, um som baixo e difícil de descrever escapando de sua garganta enquanto deslizava a língua para fora. Soluço teria reclamado caso Banguela não tivesse soltado aquele som.

   — O que foi? — Soluço piscou, encontrando Banguela encarando um ponto entre suas pernas com uma expressão draconiana pensativa, havia até um pouco de preocupação nela, e Soluço se sentiu preocupado também.

   “Eu tenho medo de te machucar…” Banguela arrulhou baixinho, o som tão suave que até parecia tímido. Ele lambeu a abertura mais uma vez, gentilmente, vendo o modo como Soluço se arrepiou levemente com a sensação.

   — Banguela, a gente já fez isso tantas vezes… — Soluço sorriu para o dragão, revirando os olhos para dar efeito.

   Banguela bufou, erguendo olhos um pouco mais sérios para o humano.

   “Eu sei. Mas você parece… mais sensível assim…” Banguela esticou uma pata para frente, esfregando sua pele escamosa contra a pele sensível da virilha de Soluço com delicadeza, como se aquela pata e aquelas garras não pudessem criar sulcos em pedra e metal. Soluço se arrepiou, seu coração pulando mais forte com aquele toque incrivelmente doce. “Você cheira sensível.” O dragão choramingou baixinho e seus olhos pareciam ter um peso diferente dessa vez, Soluço notou. “Algo em você mudou, Soluço.

   Soluço respirou fundo uma vez, duas vezes.

   — É… é, mudou mesmo, não é? Eu até sinto… — Ele murmurou, mas não chegou a terminar a frase, sem saber exatamente o que queria dizer.

   Sim, alguma coisa tinha mudado. Aquele cogumelo… só podia ser. E ambos se lembravam bem do motivo pelo qual Soluço tinha comido tal cogumelo. Eles trocaram um olhar, suas energias se entendendo de modo que nunca tinham se entendido antes.

   — Hum… Tá legal, então que tal se você deitar de costas e deixar eu fazer todo o trabalho? — Soluço comentou. Ele não queria interromper a conexão que tinha sido feita naquele pequeno segundo entre eles, mas ele ainda sentia o calor queimando cada fibra de seu corpo, uma queimação não dolorida, mas potente, que pedia, não, implorava por algum bálsamo.

   Banguela bufou baixo, inclinando a cabeça e dando espaço para Soluço se mover. O rapaz observou enquanto o dragão se colocava em posição, deitando de costas com as asas longas apertadas contra seus lados no espaço não muito grande da caverna. Soluço mordeu o lábio, sendo incapaz de se impedir de segurar seu membro excitado ao ver o membro muito maior de seu companheiro agora totalmente exposto para ele.

   Eles já tinham feito aquilo algumas vezes também, então não era algo novo, ainda assim parecia algo novo dessa vez. Soluço subiu em Banguela, sentando na barriga desse, o que não era lá muito diferente de se sentar nas costas do dragão.

   Ali, tão perto, ele podia sentir o bater forte e potente do coração do Banguela, enquanto seu corpo era elevado e abaixado a cada movimento dos pulmões enormes do Fúria da Noite. Soluço sorriu, seu coração batendo levemente mais rápido no seu peito. Era ainda incrível pensar que uma criatura tão grande e tão poderosa quanto aquele dragão tinha o escolhido não só como melhor amigo, mas como um Companheiro de Vida… E era incrível ver que, não importava o quão diferente eles eram, havia ainda tanto em comum entre eles.

   Soluço pousou a mão sobre o coração de Banguela e o dragão arrulhou baixinho. Grandes olhos verde amarelados estudavam Soluço com uma expressão que parecia refletir os pensamentos do humano, e tudo o que ele pôde fazer foi sorrir.

   Lentamente, Soluço deslizou sobre a barriga escamosa de Banguela, olhando por cima do ombro e vendo o membro ereto do dragão ficar cada vez mais perto. Ele mordeu o lábio.

   — Você parece bem maior desse jeito, amigão, ah… — Soluço arfou quando sentiu o membro quente apertar contra suas costas. Banguela soltou um arrulho baixo, apreciativo, e o rapaz riu um tanto sem ar, tendo de revirar os olhos para efeito. — Tá… tá legal, deixa eu só…

   Ele ergueu o quadril o máximo que conseguia, prendendo os pés nos lados de Banguela para fazer aquilo e levou as mãos para trás, guiando a ponta afunilada até a área certa. Mordendo o lábio e se movendo devagar, Soluço se abaixou sobre o membro de seu companheiro, sentindo seus músculos esticando e dando mais e mais espaço para ele.

   — A-ah...! Banguela... Ooh… — Um gemido escapou do humano ao sentir a cabeça do membro do dragão deslizar para dentro e o dragão o acompanhou com um grunhido longo e grave, atirando a cabeça para trás. Soluço sorriu, sempre feliz em arrancar aquele tipo de reação de Banguela, especialmente quando ele viu a cauda do dragão bater levemente contra o chão, ainda com a barbatana falsa.

   Aquilo só fez o calor dentro dele queimar ainda mais e ele sentia como seu corpo precisava de mais, ele precisava ainda mais de Banguela agora que o dragão estava conectado a ele finalmente!

   Apoiando as mãos na barriga do dragão para suporte, Soluço experimentou se mover, rolando o quadril ainda mais para baixo e arfou alto ao sentir seus músculos esticarem ainda mais, uma leve ardência se unindo ao calor que ele sentia chamar por Banguela.

   As barbatanas auriculares de Banguela tremeram e se ergueram assim como sua cabeça, olhos grandes se voltando para o humano. Soluço gostou ainda mais daquela expressão no rosto do dragão, ele não podia mentir, ele gostava de surpreender o dragão daquele jeito, fazer algo que seu companheiro não esperava que ele pudesse fazer. Após alguns segundos parados a ardência desapareceu e Soluço continuou se movendo.

   “Soluço!” Banguela guinchou baixinho, observando o rapaz com olhos arregalados.

   — T-tá tudo bem, Banguela, tudo bem… Ah, grandioso Thor… — Soluço gemeu, fechando os olhos com a nova ardência e um leve puxão dolorido que só existiu por um segundo.

    “Soluço, é demais pra você…!” Banguela choramingou, o olhar e a energia mostrando sua preocupação, mas o modo como seu membro tremia dentro de Soluço mostrava que ele também estava gostando muito daquilo.

   Soluço entendia, até então eles nunca tinham conseguido colocar Banguela totalmente dentro dele, sempre havia um momento em que ambos precisavam parar para o bem tanto do corpo pequeno de humano de Soluço, para o pênis grande de dragão de Banguela.

   Mas dessa vez… Dessa vez! Ele não sabia se era possível, mas algo dentro dele dizia que era, aquele calor intenso de algum modo tendo feito com que seu corpo tivesse a capacidade de fazer aquilo.

   — N-não! Não é! E-eu aguento…! — Soluço ofereceu para Banguela um sorrisinho, meio sem jeito, tentando provar para o dragão que estava tudo bem. Soluço respirou fundo enquanto sentia o membro do outro deslizar mais e mais, lentamente, para dentro dele. Ele levou uma mão para trás, para ter certeza do progresso, e se surpreendeu ao notar o quanto restava para ele chegar até a base. Ainda mais determinado, ele continuou. — I-Isso… Só mais um pouquinho… Aah!

   Banguela soltou um rosnado grave que fez o mundo ao redor de Soluço tremer e ele arfou alto, sentindo seu corpo inteiro tremendo, sua pele formigando, e se sentindo, acima de tudo, cheio.

   — C-consegui…! — Ele comentou, praticamente sem ar. Tateando em baixo dele ele podia sentir apenas um pouquinho da base do membro do dragão ainda fora, mas ainda assim. Ele levou outra mão para sua barriga, como se pudesse sentir a ponta afunilada dentro dele, em sua barriga, gigante, quente, pesado e poderoso, exatamente a melhor descrição que ele podia dar para Banguela. — B-Banguela, deu certo! Você está - ah - t-todo dentro!

   Os dois ficaram ali por um momento, processando, ambos adorando a sensação daquele tipo de conexão, ambos surpresos e maravilhados ao saber que era possível, de algum modo.

   “Soluço…” Banguela choramingou e Soluço sentiu as pernas traseiras grandes do dragão se movendo, se posicionando de modo a servir de apoio caso o dragão quisesse jogar os quadris para cima; mas Banguela não fez aquilo, o que o humano agradecia. Eles podiam ter chegado até ali, mas aquilo não iria ser exatamente fácil.

   O calor dentro do humano se intensificou e ele sorriu, tanto sua mente quanto seu corpo adorando o modo como o dragão mal parecia resistir a ele.

   — T-tá, tá, deixa comigo, amigão… — Soluço se inclinou para a frente, com as mãos de novo na barriga do dragão, e se inclinou para cima. Ele sibilou, sentindo Banguela deslizando para fora dele, e rapidamente desceu seus quadris mais uma vez, impedindo que seu interior ficasse vazio por muito tempo. — Ah, merda!

   A queimação causado ao ser esticado daquele modo ainda estava ali, mas não era nada perto da queimação do prazer que Soluço sentia cada vez que ele se movia. E ele sabia que Banguela gostava do seu aperto ao redor dele com a mesma intensidade, ele podia sentir.

   Os sons que Banguela soltava, junto com o modo como a energia do dragão tocava e se movia ao redor da de Soluço – agarrando a sua, segurando, dividindo um calor único que pertencia apenas aos dois e a mais ninguém – só fazia o rapaz se sentir ainda melhor.

   — É-é bom, Banguela, é…? — Soluço sorriu para o dragão.

   Banguela respondeu com um som alto e longo, erguendo a cabeça mais uma vez e erguendo os olhos para o humano. Suas pupilas estavam mais uma vez, dilatadas ao máximo, assim como suas narinas, respirando fundo em lufadas pesadas e poderosas. O sorriso de Soluço se alargou. Ele nunca deixaria de se sentir incrível ao ver o quanto podia afetar uma criatura grande e poderosa como o Fúria da Noite em baixo dele.

   Era tão engraçado para ele pensar que, algum tempo atrás, aquilo tudo seria uma loucura para ele. E agora cá estava Soluço… E ele estava tão feliz que sua visão de mundo tinha mudado tanto, tudo graças àquele dragão de escamas negras que um dia ele encontrou numa noite escura…

   Um choramingo baixo chamou a atenção de Soluço e o rapaz piscou, demorando para focar os olhos e notando que eles estavam levemente embaçados. A expressão de Banguela mostrava agora preocupação no lugar de apenas prazer e Soluço não gostou daquela mudança, embora ele entendesse.

   Soluço sorriu para o dragão, balançando a cabeça e afastando as lágrimas com uma mão. Ele não ousou parar, em vez disso ele começou a se mover mais rápido, ou, pelo menos, o modo como conseguia, arrancando outro som alto do dragão. Mas a energia de Banguela ainda tocava a sua com preocupação, perguntando se ele estava bem, se alguma coisa doía, se tinha alguma coisa errada…

   Soluço respondeu com sua própria energia, bem menor, menos poderosa, mas com poder o bastante contra a de Banguela para lutar contra a do dragão.

   Não, não havia nada de errado, pelo contrário. Tudo estava perfeito, tudo estava bem, ele estava feliz, mais feliz do que jamais esperaria estar. Ele amava Banguela, o amava com todo o seu ser, dentro e fora, o amaria para além do momento em que ele passasse para os campos de Freya… Por tanto tempo ele tinha se sentido como um estranho no mundo, e agora ali ele sentia que tinha encontrado seu lugar, com Banguela.

   E havia algo naquela conexão entre eles que ele gostaria de dividir aquilo com o mundo. Soluço não podia explicar exatamente porquê. Talvez houvessem outros lá fora, dos dois lados, como ele e Banguela, que se sentiam daquele modo, que só precisavam se encontrar…

   — A-ah! B-Baguela! — Soluço arfou alto quando o dragão se moveu, refletindo o movimento dos quadris do humano, empurrando mais para dentro quando Soluço se abaixou.

   Banguela ronronou baixo e Soluço reconheceu aquele som.

   — V-vai, Banguela… — Soluço disse, praticamente sem ar, sentindo o calor dentro dele aumentar mais e mais, as chamas queimando com mais força. Os olhos verde amarelados se voltaram para ele novamente. — Vai, amigão… Manda ver…

   E aquilo foi tudo o que Banguela precisava. Com um rugido e atirando a cabeça para trás, o dragão gozou. Soluço acompanhou Banguela com um gemido alto, quase um grito, ao sentir outro tipo de calor o encher totalmente. Sua mente girou, seus sentidos de repente sobrecarregados; ele não sabia se se focava no modo como o sêmen quente de Banguela deslizava por entre suas pernas, incapaz de ficar contido dentro dele, ou no modo como a cauda e as asas de Banguela vibravam com espasmos de prazer, ou o modo como sons baixinhos escapavam dos lábios draconianos de Banguela… O prazer daquela visão foi tanto que Soluço mal notou quando gozou, cobrindo as escamas escuras do dragão com riscos brancos.

   E de repente todas as suas forças sumiram. Soluço caiu para frente sobre o peito forte de Banguela, o movimento forçando o membro do dragão para fora dele com um som molhado e alto que fez Soluço se sentir só um pouquinho enojado. Mas ele não ligou para aquele sentimento, não enquanto sua energia se unia à de Banguela daquele modo…

   Mais uma vez, era como se eles fossem um só. E os dois ficaram ali, apreciando aquela conexão, por um tempo indefinido. As batidas pesadas do coração de dragão ecoavam nos ouvidos do humano, e era como se até seus corações batessem juntos.

   O fogo que uma vez queimava dentro de Soluço com intensidade parecia ter sido abrandado, mas um pouco dele continuava ali, dessa vez mais reconfortante do que antes.

   A energia de Banguela se tornou uma resposta e Soluço respirou fundo antes de responder.

   — S-sim, tudo bem… — Ele ergueu a cabeça, sorrindo para seu companheiro. — Tudo ótimo.

   Banguela ronronou baixo em resposta e Soluço riu baixinho quando as fortes pernas dianteiras do dragão o envolveram como braços, o apertando contra o peito escamoso. Soluço mal podia se mover, o prazer aos poucos sumindo, dando lugar apenas ao cansaço, mas, ainda assim, ele não sentia dor alguma, só um leve desconforto. O que quer que aquele cogumelo tinha feito com ele, Soluço até que tinha gostado.

   Pensando nisso… Soluço pousou a mão sobre a barriga, o calor de antes se concentrando ali com mais intensidade.

   Ele ainda não tinha a mínima ideia se o cogumelo tinha funcionado ou se estava funcionando, se tudo aquilo indicava que ele podia ter filhotes agora ou não, mas ele sentia que, depois daquela experiência, seria mais surpreendente caso ele não acabasse grávido.

   

Capítulo 39 | Capítulo 41


Disclaimer: A série Como Treinar o Seu Dragão e seus personagens pertencem à Dreamworks Animations, Dean DeBlois, Chris Sanders e Cressida Cowell. Essa é uma produção de fã para fã e sem fins lucrativos.

Todos os personagens aqui presentes possuem mais de 18 anos de idade.


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